De Shivalaya até Namche Bazaar - Trekking no Khumbu (Parte 1) - Nepal

Nosso plano era passar as próximas semanas caminhando na região do Khumbu, onde está localizado o Everest, a maior montanha do mundo. Para chegar nesta região existem duas maneiras. A mais fácil, por onde vai a maioria dos turistas, é pegar um vôo de Kathmandu para Lukla, um pequeno vilarejo nas encostas do Himalaia. E a maneira mais longa, por onde hoje em dia vê-se cada vez menos turistas, é pegar um ônibus para Jiri ou Shivalaya e seguir caminhando a partir daí. Esta opção leva uma semana a mais. Porém é uma bonita caminhada, passando por diversos vilarejos localizados nas cadeias de montanhas mais baixas, que formam a base do Himalaia. Assim, nós optamos pela segunda maneira.

Chegamos em Kathmandu no dia 25/04/2010 e aproveitamos a tarde para efetuar o trâmite burocrático necessário para o trekking.

- DICA: Atualmente, para caminhar no Khumbu (assim como outras regiões do Himalaia nepalês) é necessário tirar um cartão chamado TIMS (Trekking Information Management System), que custa 20 dólares. O TIMS deve ser feito em Kathmandu, no Tourist Service Centre (na rua Pradarshanti Marg; Bhrikuti Mandap, em Kathmandu). Além do TIMS, para caminhar dentro do Sagarmatha National Park, deve-se pagar a taxa de entrada do parque, que custa 1000 rúpias (aproximadamente 14 dólares). Essa taxa pode ser paga também no Tourist Service Centre (em Kathmandu), ou então na própria guarita de entrada do parque nacional, durante a caminhada.

Nesta mesma tarde, já compramos nossa passagem de ônibus para Shivalaya, para o dia seguinte de manhã cedo.

- DICA: Passagens de ônibus para Shivalaya ou Jiri podem ser compradas no terminal de ônibus Kathmandu City - Ratna Park. A passagem para Shivalaya custa 544 rúpias (aproximadamente 7 dólares). O vilarejo de Shivalaya está um pouco adiante de Jiri, poupando umas 3 horas de caminhada. Até alguns anos atrás, a estrada não chegava em Shivalaya e, por isso, o ponto de partida da caminhada era Jiri.

Assim, dormimos somente uma noite em Kathmandu e, no dia 26/04, já partimos rumo à Shivalaya. Depois de 10 horas de viagem, sacudindo dentro do ônibus, chegamos neste pequeno vilarejo. Era final de tarde e, portanto, passamos a noite num lodge (New Everest Lodge - 50 rúpias o quarto para duas pessoas), para iniciarmos a caminhada no dia seguinte de manhã cedo.
Nesta primeira semana estaríamos caminhando predominantemente no rumo de oeste para leste, passando por uma região mais baixa do Himalaia, entre altitudes de 1500 à 3500 metros, cruzando vários vales e passos entre montanhas. O caminho é um constante sobe-e-desce: Sobe um morro, cruza um passo, desce do outro lado, chega no fundo de um vale, cruza um rio, sobe o próximo morro, cruza outro passo, desce até o vale, cruza um rio, e assim por diante.

DICA: Estávamos levando uma barraca, pois gostaríamos de acampar sempre que possível (pelo simples prazer de acampar). No entanto, nesta primeira semana de caminhada, acabamos não utilizando tanto nossa barraca, pois o tempo estava bastante instável e os lodges são bem baratos para ficar (além de trazer o conforto de uma noite seca). Estas caminhadas são totalmente possíveis de se fazer sem ter que acampar, somente dormindo em lodges. Ao longo da trilha existem diversos lodges. No geral, a cada uma ou duas horas de caminhada, há um lodge. A maior parte dos lodges cobra bastante barato para se dormir, contanto que você coma no restaurante deles. Eles ganham muito mais na comida do que no valor do quarto. Ao longo da trilha de Shivalaya até a base do Everest, o preço de um quarto para duas pessoas pode ser gratuito ou custar no máximo 200 rúpias. Já o preço da comida, aumenta consideravelmente ao longo da caminhada. Por exemplo, um Daal Bhaat (prato típico nepalês, com arroz, lentilha, batatas e legumes) custa numa cidade grande, como Kathmandu ou Pokhara, por volta de 100 rúpias. Em Shivalaya, no início da caminhada, o Daal Bhaat custa por volta de 150 rúpias. Já em Namche Bazaar ou Lukla, ele custa 350 rúpias. E em Gorak Shep, próximo à base do Everest, o preço pode chegar às 500 rúpias.


Dia 1 (27/04):

Acordamos cedo e iniciamos nossa grande caminhada pelas montanhas do Himalaia. Deixamos Shivalaya, que está à 1770 metros de altitude, subimos até Deurali, à 2705 metros e descemos até Bhandar, à 2200m. Normalmente, terminaríamos este primeiro dia de caminhada por aí. Porém, talvez devido à empolgação do primeiro dia, resolvemos continuar até o próximo vilarejo. O dia, que tinha amanhecido claro, durante a tarde foi encoberto pelas nuvens. Durante este último trecho, precisamos parar algumas vezes para nos abrigar da chuva. Felizmente não chegamos a nos molhar. No fundo do vale, cruzamos o rio Likhu Khola e, após mais alguns minutos, chegamos em Kinja (1630m). Era final de tarde. Devido ao tempo instável, decidimos não acampar. Dormimos no New Everest Lodge (50 rúpias o quarto para duas pessoas).


O vilarejo de Shivalaya (1770m), onde iniciamos a caminhada


Khimti Khola é o rio que passa por Shivalaya


Menina na sacada de casa, num vilarejo um pouco acima de Shivalaya


Mulher trabalhando na plantação de arroz


Menina


Senhora


Mulher na trilha


Crianças na frente da escola, em Bhandar


Janela


Crianças lavando roupa


Flor


Senhora


Dia 2 (28/04):

Nossos corpos fora de forma sentiram a caminhada extendida do dia anterior. Estávamos um pouco cansados e, para não forçar a barra, decidimos fazer um dia mais leve. Subimos durante toda a manhã até o vilarejo de Sete (2520m) e passamos a tarde descansando. No final da tarde, depois de passar a chuva, montamos nossa barraca e acampamos perto do Solu Khumbu Sherpa Guesthouse (valor para acampar: gratuito).

Menina fugindo com uma vassoura na mão, para não ser fotografada


Ajudando o irmão a tomar banho


Fazendo “pocha”, o chá tibetano feito com manteiga. “Po” significa tibetano e “cha” significa chá.


Crianças esculpindo uma “bengala” para carregadores. Os carregadores utilizam estas “bengalas” para apoiar sua carga e descansar sem ter que tirá-la das costas.


Carregador ultra-carregado! Observe que enquanto ele está parado descansando, sua carga está apoiada num toco de madeira (“bengala”).


Nosso acampamento em Sete (2520m)


Dia 3 (29/04):

Seguimos a longa subida até o passo Lamjura Bhanjyang (3530m). No meio da descida, do outro lado do passo, começou a chover granizo. Por sorte, estávamos passando ao lado de uma casa, onde nos abrigamos por cerca de uma hora, até a chuva passar. Então continuamos a longa descida até o povoado de Junbesi (2680m). O tempo continuava bastante instável. Dormimos no Ang Chhokpa’s Lodge (100 rúpias o quarto para duas pessoas).

Ao longo da trilha passamos por várias “mani walls”, paredes composta de várias pedras com inscrições do mantra OM MANI PADME HUM e outras orações budistas. Tradicionalmente, deve-se passar as “mani walls” sempre pelo lado esquerdo.


Carregadores. A carga é levada num cesto de palha, que é carregado através de uma alça apoiada na testa. Ao longo da caminhada cruzamos constantemente com carregadores, pois a trilha é o único acesso para abastecimento de mercadorias dos vilarejos (não existem estradas).


Menina


Menina levando um bezerro


Menina (com a barriga cheia de vermes)


Menino


Menino levando um filhote de cabra


Menina


Menina tímida, escondendo o rosto para não ser fotografada


Flor de Rhododendro, árvore bastante comum no Himalaia


No passo Lamjura Bhanjyang (3530m), o ponto mais alto da caminhada de Shivalaya até Namche Bazaar.


Burros levando carga na trilha. No caminho de Shivalaya até Namche Bazaar, absolutamente todas as carga são transportadas por carregadores ou por burros. Já acima de Namche Bazaar, os burros são substituídos pelos yaks (boi tibetano).


Dia 4 (30/04):

O dia amanheceu totalmente limpo. Junbesi é um belo povoado, onde há um monastério budista. No fundo do vale, já é possível avistar algumas grandes montanhas do Himalaia, tais como o Numbur (6959m).
Deixamos Junbesi e subimos até o próximo passo, Trakshindu La (3070m). No início da descida, depois do passo, cruzamos um grande monastério budista, Trakshindu Gompa. Após uma parada para conhecer o monastério, continuamos a longa descida até o vilarejo de Nunthala (2220m), onde passamos a noite no Himalayan Lodge (50 rúpias o quarto para duas pessoas).

Stupa budista em Junbesi


Portal em Junbesi


Senhora, num lodge em Ringmo, onde paramos para almoçar


Senhora servindo o nosso almoço


Morango silvestre


Trakshindu Gompa, monastério budista


Janela do monastério


Senhora, em Trakshindu Gompa


Dia 5 (01/05):

De Nunthala, continuamos a longa descida até o fundo do vale, à 1510 metros de altitude, onde corre o Dudh Kosi, o rio que desce do Himalaia alimentado pelo degelo dos glaciares do Cho Oyu e do Everest. Cruzamos o rio, numa longa ponte suspensa. A partir daí, a trilha começa a tomar o rumo norte, beirando o vale do Dudh Kosi, em direção a parte mais alta do Himalaia. Seguimos nossa caminhada subindo até o vilarejo de Bupsa (2360m). Dormimos esta noite no Hotel International Trekkers (20 rúpias o quarto para duas pessoas).

Senhora varrendo a calçada, em Nunthala


Terraços com plantações de arroz


Meninas trabalhando na plantação de arroz


Burros cruzando ponte suspensa sobre o Dudh Kosi


Mulher tecendo uma esteira de palha


Mulher fabricando vassouras


Mulher e criança


Casa


Vilarejo no caminho


Arando o terreno


Flores


Dia 6 (02/05):

Deixamos Bupsa de manhã cedo, subimos até Khari La (2840m), cruzamos Paiya La (2805m) e descemos até o vilarejo de Surkhe (2290m). Foi um dia relativamente curto de caminhada, que nos permitiu passar a tarde descansando, motivados pelo tempo instável. Dormimos num lodge em Surkhe, por 50 rúpias (o quarto para duas pessoas).

Plantações em terraços


Escola num pequeno povoado no caminho entre Bupsa e Surkhe


Mulher e bebê


Filhote de cabra dormindo em cima da mãe


Flores


Dia 7 (03/05):

Seguimos a caminhada, passando pelos vilarejos de Muse, Chaurikharka, Cheplung, Phakding, Toktok, Benkar e, finalmente, Monjo (2840m), onde chegamos debaixo de chuva. Ficamos no Namaste Lodge (100 rúpias o quarto para duas pessoas).

Mulher na plantação


O vilarejo de Muse


Passando por uma “mani wall”, esculpida e pintada na rocha, em Cheplung


“Mani wall” e stupa, no vilarejo de Cheplung


Senhora


Senhora e crianças


Senhora e criança


Flores e casa


De castigo no cantinho


Dia 8 (04/05):

Em Monjo passamos pela guarita de entrada do Sagarmatha National Park e, em seguida, descemos beirando um belo paredão de rocha. Então, a trilha passa a subir gradualmente. Passamos por uma impressionante ponte suspensa, cruzando o rio Dudh Kosi numa altura considerável. A partir daí, a trilha sobe bastante íngreme, através de um contínuo zigzag, até finalmente chegar no povoado de Namche Bazaar (3420m). Foi um dia curto de caminhada e, assim, pudemos aproveitar a tarde chuvosa para descansar. Nos hospedamos no Pumori Guesthouse (200 rúpias o quarto para duas pessoas).

Rodas de oração, no portal de entrada do Sagarmatha National Park


Uma bonita parede de rocha, pouco depois da entrada do Sagarmatha National Park


Criança


Cruzando uma impressionante ponte sobre o rio Dudh Kosi


Chegando em Namche Bazaar


Stupa, em Namche Bazaar


Dia 9 (05/05):

Passamos o dia em Namche Bazaar, para permitir nossa aclimatação à altitude e também descansar destes dias contínuos de caminhada desde Shivalaya. Aproveitamos para passear um pouco pelo vilarejo e recuperar as forças para a próxima etapa da caminhada.

O monte Thamserku (6608m) visto desde Namche Bazaar


Yak levando carga, passando pelas ruelas de Namche Bazaar.


Namche Gompa


Mulheres durante uma cerimônia de casamento, passando pelas ruelas de Namche Bazaar. A noiva está usando um chapéu de pêlos.


Após este dia de descanso em Namche Bazaar, continuamos nossa caminhada no dia seguinte.




Para ver as demais postagens sobre esta caminhada, clique nos links abaixo:

Trekking no Khumbu (Parte 2) - Nepal

Trekking no Khumbu (Parte 3) - Nepal

Trekking no Khumbu (Parte 4) - Nepal

Trekking no Khumbu (Parte 5) - Nepal

Trekking no Khumbu (Parte 6) - Nepal


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